Não conhecemos, ao todo, a criação; e menos ainda o Criador!

“Assim, me embruteci e nada sabia; era como animal perante ti.” (Sl 73.22)

Sentir a distância de sentimentos felizes, numa debilidade que impede qualquer resposta – esperada por outros a partir da incompreensão –, e exercer força contrária ao direito de ter a realidade mudada. Pensamento profundo que não chega a nenhuma conclusão.

Alguém que já vivenciou a felicidade teria o anseio de tê-la novamente, mas não quando o medo de novas desilusões cria uma visão de necessidade da economia de energia, numa época em que todas as coisas parecem contrárias. O retorno para a felicidade é adiado, devido ao entendimento de estar desperdiçando tentativas por causa da incerteza da forma com que os fatos acontecerão – tudo é almejado com diversas condições para ser perfeito. E esse adiamento não é visto como perca de tempo, mas como um momento fora de cronologia – loucura. Já bastam as faltas; do restante, a ilusão de estar estagnado resolve. Não há como agir; conforme as expectativas dos outros quando falta compreensão do espectador; e principalmente, conforme o desejo próprio quando o indivíduo não está convicto em nada; ou pior, quando está convicto de algo improvável:
       – Eu não vou ser feliz agora, porque eu não posso ser feliz agora. Eu não quero ser feliz agora!

Mas chega o momento de transigência, ninguém é tão forte a ponto de permanecer propositalmente numa hibernação intelectual. É como a sujeição a um vício, algo que pode ser acidental e progressivo; ou como a aceitação da natureza, simplesmente proposital. Algo rudimentar, na natureza humana, é a capacidade de raciocinar. Considerada imperfeita ou não, não importa. É algo que não se pode separar do homem!

Então, se a busca por valores reaproveitáveis é frustrada, por causa dos novos objetivos, inicia-se a formulação de novas ideologias – engraçado como tudo é condicionado ao provável, mas na verdade incerto, dia do amanhã. Primeiro, é necessário chegar a um conceito sobre a felicidade. Cada um tem o seu. Talvez mal pensado e certo, talvez muito pensado e errado. Certo ou errado, por haver a possibilidade de reformular esse conceito. Ah... Como estes homens são inconstantes! Segundo, é necessário construir uma espessa proteção contra os possíveis ataques ao ego. Os sentidos passam a funcionar de forma censurada ou restrita, dentro duma tentativa de autocontrole para conservar a equivocada sensação de paz. Mas tudo gira em torno da conquista da felicidade.

O homem é insensato, e sua aparência demonstra isso. “Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia a sua loucura.” (Pv 13.16). Tudo isso é reflexo do distanciamento de Deus. “Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração” (Rm 1.24).

Por outro lado; o encontro do homem com Deus. O Senhor abençoa com a paz que excede todo o entendimento; dá o entendimento em tudo. Que tipo de compreensão seria esta? A que nível de entendimento o homem pode chegar?

Com certeza não é algo como o conhecimento científico ou psicológico. Não há como estudar o homem sem considerar a presença divina. Tudo no homem é reflexo da intimidade ou rebeldia com Deus. Às vezes, o homem faz tudo para se mostrar independente, mas consegue justamente o contrário: Mostrar que Deus é o ator, a essência, e a própria vida.

E muito menos, é possível caracterizar Deus dentro de tais conhecimentos. “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.” (1 Co 2.10).

Agora, trágico é quando o homem tenta compreender aquilo que não foi revelado por Deus. Conceituar uma divisão na Trindade é algo extremo. É além, três Pessoas distintas que não deixam de ser Unidade. Mas surgem umas pérolas de arrogância:
       – Isto é o Espírito Santo quem faz, e isto é Deus Pai.
       – Não, isso foi o Espírito Santo quem fez, e não Jesus Cristo.
Mas nisso, me glorio em confessar que não compreendo. “Nisto, pois, está a maravilha: que vós não saibais de onde ele é e me abrisse os olhos” (Jo 9.30).

Condicionar a felicidade ao conhecimento de tudo traz somente decepção. E é verdade a ironia: “Eu disse: Vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo. Todavia, como homens morrereis e caireis como qualquer dos príncipes.” (Sl 82.6,7)

“Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Senhor, exalta sobre nós a luz do teu rosto. Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se multiplicaram o seu trigo e o seu vinho. Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança.” (Sl 4.6-8)

Wesley Santos Rezende

2 comentários:

Antônio Ayres disse...

Caro amigo Wesley:

Você tem no nome a marca de um grande pregador e, na escrita, a marca de um grande filósofo...cristão, felizmente.

"Condicionar a felicidade ao conhecimento de tudo traz somente decepção", é a frase que, para mim, resume o seu texto. Aliás, a descoberta dessa verdade por você,coincide com o que Salomão descreve, no seu Eclesiastes.

Muito profunda a sua reflexão. Extemporânea e precoce, mas, totalmente madura.

Não sei se você concordará comigo, mas, pelo menos de longe, me parece que vocêluta mais do que por sede de saber; você empreende uma batalha de ordem existencial.

Não sei se você os lê, mas, se não, eu lhe sugeriria, além da Bíblia, que conhece tão bem, que lesse os seguintes autores:

Soren Kierkegaard;
Rollo May;
Paul Tillich;
Viktor Frankl e
Leonardo Boff.

Espero que a nossa amizade se estreite.

Forte abraço!

Em Cristo,

Tony Ayres

Wesley Rezende disse...

Prezado irmão Tony,

Obrigado por seu comentário. Você tem razão a respeito da batalha de ordem existencial. Quanto aos autores, não os conheço, mas espero em breve ler seus trabalhos. Obrigado pela sugestão. Confesso que agora que estou tendo o hábito da leitura, e isso também é reflexo da minha fé em Cristo.

Espero, também, que tenhamos uma amizade maior.

Abraços

Em Cristo,

Wesley