O momento com Deus

Ele tem seu particular com Deus, e isso não me causa ciúmes, pois Deus também me reserva a Sua atenção. Quando ele quer me introduzir na presença do Altíssimo, num momento de exclusividade, fico apreensivo. Mas não me culpo, pois as minhas virtudes não podem ser desmerecidas por causa de uma crise no relacionamento de alguém com o Senhor. E também, ninguém adentra a presença de Deus sem a Sua permissão.

Não é me negando a estar presente que vou ajudá-lo a aproveitar sua intimidade com Deus. Não é me acovardando em entrar num ambiente de discórdia que serei um servo útil ao Senhor. Apesar de tudo, a consciência de que a minha presença nem sempre é proveitosa me protege de vários inconvenientes.

Todos nós, num estágio da vida, precisamos de alguém que nos influencie. Alguém de que tenhamos admiração, que nos transmita segurança para podermos imitá-lo. Mas existem excessos, como o desejo de ter uma pessoa que sirva de mestre em tudo. Geralmente, a primeira personificação de perfeição é a dos pais. Mas devemos chegar a um estágio de maturidade em que os julguemos. Nunca deve faltar amor e honra por eles, mas aquilo que nos transmitem deve ser examinado (1 Ts 5.21), e assim, se for bem, deve ser estabelecido em nós. – “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37). O apóstolo Paulo, criado aos pés de Gamaliel, que por sua vez, era homem venerado entre os judeus, exemplifica, em parte, a dependência proposital na humanidade. Mas Paulo se desvencilhou disso, mesmo Gamaliel tendo méritos, receber algo do Senhor é muito melhor. Ninguém substitui Cristo no lugar de perfeição. Não podemos esquecer que o único digno de glória, e honra e poder é o Senhor. É a Ele que devemos imitar em tudo. É a Ele que temos que convidar a estar presente em todos os momentos de nossa vida – “Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou” (Jo 13.13).

Posso ajudá-lo a entender isso. Não sou prepotente, às vezes caio no mesmo erro, mas me disponho em servir a Deus. É pela vontade de Deus que me arrisco em expor conhecimento: Saul e Davi não rejeitaram o reinado, mas atenderam a chamada divina. Mesmo sabendo que a princípio Deus tinha sido rejeitado pelo povo (1 Sm 8.7), não se sentiram culpados pelo fim da teocracia. Havia a promessa de estabelecer um reinado humano (Gn 17.6; 49.10), mas o povo se precipitou; não soube aproveitar o momento de exclusividade com Deus, não soube discernir o momento certo para expandir suas relações sociais. Mas, por amor, dentro das falhas de alguns, Deus prepara servos para amenizarem os distúrbios do cotidiano.

Mas eu tenho que lembrá-lo dos prejuízos: A ira do Senhor se acendeu contra Moisés por faltar-lhe fé (Ex 4.14). Deus tinha interesse na exclusividade da realização daquela obra por Moisés – “Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar” (Ex 4.12).

É proveitoso lembrar-se da morte. Deus fez Josué lembrá-la: “Moisés, meu servo, é morto” (Js 1.2). – E agora? Quando procuro alguém confiável para estar comigo perante o Senhor e não encontro, e pior, encontro a oposição da morte? Deus, após confrontá-lo com a lembrança da morte, responde a essa pergunta: “Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares” (Js 1.9).

Por fim, farei um novo desafio a ele: Ao contrário de me convidar para interromper o particular que Deus te oferece, quando for se aproximar de mim convide a Deus para te fazer companhia. Não quero estar entre você e Deus, mas quero que Deus sempre esteja entre nós.

“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mt 22.37-39)

Wesley Santos Rezende

Um matuto goiano

– A gente é um bicho muito misterioso; o mundo é uma preguiça; a vida é uma piada. O Cruzeiro do Sul sumiu, está do lado de lá do mundo. ‘Ah, meu Deus, ele era a minha diversão’! Agora eu fico aqui, imaginando o quê, ou de quem, pode ser os barulhos que vem de lá do Enxadão (córrego). Será que são fantasmas? Hum... Não me importo, só quero passar o tempo (risos). De dia não tem diversão, não tem risos; a labuta não é fácil! Faço cara feia, aqui neste sertão, porque o povo daqui é tudo metido a bravo. Meu pai me ensinou assim, mas à noite, quando tomava a cachaça e pegava a viola, suas lágrimas corriam; seus versos rimavam na melodia, e eu me surpreendia, não conhecia aquele homem. Pela manhã, aquela intimidade tinha fim. Eu não bebo, não toco viola; mas gosto de servir um licor de jabuticaba pras visitas, e espero ansioso pra ver um violeiro chorar. De vez em quando eu vou na cidade, mas é só pra comprar um salzinho pra criação. As coisas lá na Rua (apelido da corrutela), tão agitadas (risos), estão falando na tal da internet; queriam até me vender aquela geringonça. Mas ainda não tinham uma pra me mostrar. Como vou saber se é de comer ou de jogar fora?

E chegou a televisão na roça:

– Rapaz... Mas tem bobo pra tudo nessa vida (risos)! Você viu o tal do Bonner contando aquela história, sabe qual né (risos)? Moço, como que ele fala que não pode matar os animais? Tem umas pragas de uns macacos ali; direto, estão no meu milharal. Agora é sério, o Obama vai ganhar. E o Lula já está rondando por lá né; o bicho não é bobo não, é igual meus porquinhos, quando não estão na lavagem, estão na merda (risos). Estou pensando em comprar o tal do computador, parece que todo mundo tem; capaz que eu consigo domar esse trem. Mas ainda não vi nenhum proveito nisso. Agora eu penso em férias, em aposentadoria. Mas a vida está mais difícil. Meu amigo, e não é que a crise mundial chegou aqui também! Ah, me lembrei, estou num mato sem cachorro; como eu explico que zero é nada? Será que é mesmo? Já estou nos nervos com o moleque.

E chegou o evangelho:

– Cristo é bom demais! Ele veio até aqui, no Mato Grosso. É rapaz... Agora eu sou crente. Ó, eu não faço mais os licores não. Deixa eu te ensinar umas coisas, calma aí... Pronto. Minhas vistas estão cansadas, me faça um favor, leia aqui pra mim...

E eu, o matuto, mais uma vez voltei pra cidade. E depois de muito tempo, me converti ao evangelho. Não me lembro o que eu li, mas me lembro de ver esperança naquele olhar, enquanto eu estava com a Bíblia em mãos. Todo constrangido, com medo de decepcioná-lo por não entender qual era o seu sonho, mas com o meu coração ardendo em amor. Agora, olhando para trás e vendo todos estes personagens mato-grossenses, reúno-os em um. Toda a vivência, toda a fantasia, e toda a interferência divina me fazem enxergar a Cristo, sim, o quanto o Senhor é melhor, maior e é amor.

Wesley Santos Rezende

Onde estou?

Nem sempre é fácil discernir o momento da vida em que se vive. Quando há sentimentos fortes envolvidos numa inter-relação tem-se a sensação de aproveitamento do tempo – sensação de vida. E mesmo na solidão, quando existem intensos pensamentos que envolvem um conjunto distinto de possibilidades para uma decisão ou expectativa, que conscientemente podem levar à tristeza ou à felicidade, tem-se um êxtase; por haver uma visão de controle da própria vida – as próprias escolhas produzindo um futuro, desejado ou não. É neste estado de ocupação intelectual que o homem pode se sentir feliz.

Qualquer prática é concomitante a sentimentos. Estas práticas e sentimentos podem ser considerados, no momento, desprezíveis. Mas num futuro, podem gerar algo relativamente interessante – o homem sempre está ligado ao seu passado. Separando as práticas dos sentimentos vê-se o quanto o homem é contraditório. E, sob a influência ímpar ou par, o homem se liga ao futuro. Nesta esperança também se encontra a expectativa nas atitudes das outras pessoas. Mas quando a dependência maior é em Deus todas as possíveis frustrações são superadas.

Ninguém dentro de um ímpeto de felicidade se sente uma vaidade. E, ninguém no mais profundo sentimento de solidão, ignora a possibilidade de uma interferência humana ou divina. São extremos que não podem afastar o homem do próprio Deus! O que é um sentimento profundo de solidão? Quando se conhece a solidão de fato, percebe-se que ela é restrita a momentos. O homem se sente isolado da sociedade, da família; e pior, isolado dentro de si mesmo, não conseguindo unir-se para viver – existe uma guerra dentro do homem. E nestes momentos notam-se desamparados por Deus. Como alguém ainda tendo expectativas em Deus pode se sentir só? É por causa da consciência dos pecados. – Cristo tomou os pecados dos homens sobre si, se fez maldição (2 Co 5.21; Gl 3.13). Isso fez com que Ele experimentasse a separação com Deus Pai (Is 59.2): “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Após isso, Cristo bradou: “Está consumado” (Jo 19.30). E então, entregou o espírito. Assim tiveram fim os seus sofrimentos, e se consumou a redenção da humanidade.

Todo sentimento de perdão é precedido pelo sentimento de culpa. É neste intervalo que o homem se sente distante de Deus. Mas o permanecer nesta solidão é algo complexo. Apesar de Deus sempre estar disposto a perdoar (exceto Mt 12.31), o homem nem sempre alcança esta graça (Mt 13.15), e às vezes, alcança somente depois de muita demora. Por um tempo, tenta justificar-se, em si, com pensamentos predestinalistas. E mesmo depois, quando entende que Cristo pode resgatá-lo, tem certas reservas – homem de pequena fé. Mas este autoflagelo não é suportável por muito tempo. Então, o homem clama por misericórdia!

E depois de ter recebido o perdão? Nasce uma nova criatura. Mas talvez esta nova criatura não se prepara para enfrentar as conseqüências de seu pecado. Então, o contrapor-se das lembranças do mal ao sentimento de possibilidades de vida em Cristo traz a tristeza. De fato, isto é duvidar do perdão. Às vezes, o próximo é quem conduz o homem a esta dúvida – devido à opressão –; ou o próprio se enfraquece por não estar obtendo vitórias em seu cotidiano – o que é ignorância, pois a maior vitória é estar em Cristo. Enfim, novamente se aproxima de Deus, e nisso ele é aperfeiçoado pelo Altíssimo – então, passa a ter um caminho linear rumo ao Céu, quebrando o ciclo culpa-perdão-dúvida-culpa.

Pobre homem é aquele que tarda para identificar suas culpas. Isso acontece quando não está valorizando a presença de Deus – devido às distrações não nota Sua ausência –, quando não tem a atenção focada no Reino de Deus, e na sua justiça. No entanto, de alguma forma, o Senhor revela a situação pecaminosa em que o homem possa se encontrar (1 Co 5.5; Hb 12.6). Assim, onde havia loucura; com a resplandecente glória do Senhor passa a existir discernimento.

Somente Deus pode revelar em que situação o homem se encontra! E é a partir do conhecimento de Deus que o homem se ocupará em algo que verdadeiramente pode fazê-lo abundar em felicidade.

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hb 4.12)

Wesley Santos Rezende

Não conhecemos, ao todo, a criação; e menos ainda o Criador!

“Assim, me embruteci e nada sabia; era como animal perante ti.” (Sl 73.22)

Sentir a distância de sentimentos felizes, numa debilidade que impede qualquer resposta – esperada por outros a partir da incompreensão –, e exercer força contrária ao direito de ter a realidade mudada. Pensamento profundo que não chega a nenhuma conclusão.

Alguém que já vivenciou a felicidade teria o anseio de tê-la novamente, mas não quando o medo de novas desilusões cria uma visão de necessidade da economia de energia, numa época em que todas as coisas parecem contrárias. O retorno para a felicidade é adiado, devido ao entendimento de estar desperdiçando tentativas por causa da incerteza da forma com que os fatos acontecerão – tudo é almejado com diversas condições para ser perfeito. E esse adiamento não é visto como perca de tempo, mas como um momento fora de cronologia – loucura. Já bastam as faltas; do restante, a ilusão de estar estagnado resolve. Não há como agir; conforme as expectativas dos outros quando falta compreensão do espectador; e principalmente, conforme o desejo próprio quando o indivíduo não está convicto em nada; ou pior, quando está convicto de algo improvável:
       – Eu não vou ser feliz agora, porque eu não posso ser feliz agora. Eu não quero ser feliz agora!

Mas chega o momento de transigência, ninguém é tão forte a ponto de permanecer propositalmente numa hibernação intelectual. É como a sujeição a um vício, algo que pode ser acidental e progressivo; ou como a aceitação da natureza, simplesmente proposital. Algo rudimentar, na natureza humana, é a capacidade de raciocinar. Considerada imperfeita ou não, não importa. É algo que não se pode separar do homem!

Então, se a busca por valores reaproveitáveis é frustrada, por causa dos novos objetivos, inicia-se a formulação de novas ideologias – engraçado como tudo é condicionado ao provável, mas na verdade incerto, dia do amanhã. Primeiro, é necessário chegar a um conceito sobre a felicidade. Cada um tem o seu. Talvez mal pensado e certo, talvez muito pensado e errado. Certo ou errado, por haver a possibilidade de reformular esse conceito. Ah... Como estes homens são inconstantes! Segundo, é necessário construir uma espessa proteção contra os possíveis ataques ao ego. Os sentidos passam a funcionar de forma censurada ou restrita, dentro duma tentativa de autocontrole para conservar a equivocada sensação de paz. Mas tudo gira em torno da conquista da felicidade.

O homem é insensato, e sua aparência demonstra isso. “Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia a sua loucura.” (Pv 13.16). Tudo isso é reflexo do distanciamento de Deus. “Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração” (Rm 1.24).

Por outro lado; o encontro do homem com Deus. O Senhor abençoa com a paz que excede todo o entendimento; dá o entendimento em tudo. Que tipo de compreensão seria esta? A que nível de entendimento o homem pode chegar?

Com certeza não é algo como o conhecimento científico ou psicológico. Não há como estudar o homem sem considerar a presença divina. Tudo no homem é reflexo da intimidade ou rebeldia com Deus. Às vezes, o homem faz tudo para se mostrar independente, mas consegue justamente o contrário: Mostrar que Deus é o ator, a essência, e a própria vida.

E muito menos, é possível caracterizar Deus dentro de tais conhecimentos. “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.” (1 Co 2.10).

Agora, trágico é quando o homem tenta compreender aquilo que não foi revelado por Deus. Conceituar uma divisão na Trindade é algo extremo. É além, três Pessoas distintas que não deixam de ser Unidade. Mas surgem umas pérolas de arrogância:
       – Isto é o Espírito Santo quem faz, e isto é Deus Pai.
       – Não, isso foi o Espírito Santo quem fez, e não Jesus Cristo.
Mas nisso, me glorio em confessar que não compreendo. “Nisto, pois, está a maravilha: que vós não saibais de onde ele é e me abrisse os olhos” (Jo 9.30).

Condicionar a felicidade ao conhecimento de tudo traz somente decepção. E é verdade a ironia: “Eu disse: Vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo. Todavia, como homens morrereis e caireis como qualquer dos príncipes.” (Sl 82.6,7)

“Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Senhor, exalta sobre nós a luz do teu rosto. Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se multiplicaram o seu trigo e o seu vinho. Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança.” (Sl 4.6-8)

Wesley Santos Rezende

“Dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.” (1 Sm 16.1)

Toda glória, honra e poder pertencem ao Deus Altíssimo. Ao homem, toda glória, honra e poder vêm do Deus Altíssimo, ou com a permissão dEle. Aqueles que têm responsabilidades para com o povo de Deus recebem a unção do Santo. Aqueles que trabalham para a propagação do Evangelho são reconhecidos e honrados (por aqueles que são espirituais). É o caso de Davi, que foi escolhido para reinar, governar a nação separada – Israel. Atualmente, é o caso dos obreiros da Igreja. “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.” (1 Co 12.28).

O exercício dos dons espirituais tem o objetivo de sanar as necessidades da igreja do Senhor. Pelo zelo que Deus tem por todos nós, somos capacitados, mediante a fé, para intensificar a integração e edificação uns dos outros. Por causa das necessidades da congregação, é indispensável uma hierarquização dos dirigentes ministeriais. Tudo para haver ordem e decência.

Notadamente, existem muitos “obreiros” que não foram chamados por Deus. Mas conseguiram posição ministerial por pressionarem dirigentes irresponsáveis; ou por terem poder financeiro ou político são bajulados com cargos na igreja. São vários os que alimentam o próprio ego com o status de obreiro.

Mas aqueles que realmente foram chamados por Deus, podem-se regozijar pelo que são? Sim, é possível se alegrar e manter a humildade. “Mas prove cada um a sua própria obra e terá glória só em si mesmo e não noutro.” (Gl 6.4). “Na verdade, vós sois a nossa glória e gozo.” (1 Ts 2.20). “Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que, com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo e maiormente convosco.” (2 Co 1.12).

Deus é maravilhoso, tem nos agraciado com bênçãos inesperadas. Paulo reconheceu esta graça. Ele que considerou que fora o principal dos pecadores foi chamado para apóstolo (1 Tm 1.15,16; Rm 1.1). Anteriormente, ele nunca tinha imaginado uma glória tão grande em sua vida, e que ocuparia um lugar de honra.

E sobre Davi, penso que ele nunca sonhou com o reinado antes de conhecer a Samuel. Mesmo sendo um jovem obediente, corajoso e dependente de Deus (1 Sm 17.32-37), não era reconhecido em sua família – mas “ os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor” (Sl 37.23). Penso que suas expectativas eram resumidas em coisas pequenas, por ser demasiadamente reprimido pelos irmãos. Não que ele não tinha esperança no Senhor, mas que ali também se cumpriu: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam.” (1 Co 2.9).

Ninguém consegue impedir a vontade de Deus. Mesmo com as possíveis improbidades nas convenções eclesiásticas, aqueles que são chamados por Deus e permanecem fiéis ocuparão a posição ministerial que Deus julga conveniente. Agora, na verdade podemos até não pensar em ser pastores, doutores, pregadores, etc. Mas se sabemos que somos escolhidos para SERVIR a Deus, o Senhor pode nos pôr em posições de certo poder e honra quando achar útil.

“Fui achado pelos que me não buscavam, fui manifestado aos que por mim não perguntavam.” (Rm 10.20)

Wesley Santos Rezende

Se Deus me ama, por que não vou me amar?

Além de um discurso derrotista, de uma aparência derrotada, e uma expectativa infeliz; pode-se enxergar algo de bom? Após experiências frustrantes, lembranças amargas, e a insegurança constante da privação do amor; mesmo assim, podem-se haver sonhos bons?

A consciência da incapacidade humana é algo que nos faz depender mais de Deus, mas esta pura consciência vem a partir do conhecimento dEle. A proximidade com a magnificência divina nos convence de que somos pequenos, porém, que o amor de Deus por nós é imenso.

“Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Ao contrário de muitos, os cristãos não desprezam as dádivas excelentes de Deus. Entre essas, a maior, Cristo Jesus e seu amor!

No entanto, não é segredo que no mundo teremos aflições (Jo 16.33). Acontece que a consciência da incapacidade humana unida às aflições frequentes, tristeza e solidão pode gerar uma antipatia ao ser. Os constantes fracassos tornando-nos repugnantes! O que fazer quando o amor próprio está amortecendo?

Aquele que realmente conhece o Senhor se alegra somente quando Ele está presente. A percepção de que o Espírito Santo entristeceu-se conosco, gera também em nós, uma tristeza muito grande. Ora, e a falta de alegria nos torna fracos. Mesmo se não chegarmos ao ponto de sair da igreja ou mergulhar numa vida de pecados, podemos por momentos estar frios espiritualmente. É muito triste quando nossa adoração a Deus se torna deprimente.

Pensamos: “As promessas de Deus são muito boas para se cumprirem na minha vida.” Assim, desistimos de alcançar os dons de Deus. Será mesmo que não podemos ser abençoados? Será que os juízos de Deus são falhos?

“Maior é Deus do que o nosso coração” (1 Jo 3.20), e se Ele diz que podemos nos levantar, então podemos! E se faltar alegria, Cristo nos fará abundar nela! “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração” – diz o Senhor (Lc 4.18).

Jesus Cristo veio para que tenhamos vida e a tenhamos com abundância; veio para nos alimentar, nos vestir da sua incorruptibilidade. Isso porque temos muito valor (Mt 6.26)! Sim, o valor pago por nós foi muito alto! Preço de sangue, sangue precioso derramado por nosso Senhor Jesus na cruz do calvário.

Portanto, clamemos pela comunhão com Deus e nos alegremos nela.

“Assim também vós, agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria, ninguém vo-la tirará.” (Jo 16.22)

Wesley Santos Rezende

Assembleiano? Sim. Mas acima disso, sou cristão!

Entendo que há a necessidade da existência de denominações religiosas. No entanto, percebo que o orgulho de ser assembleiano tem excedido, em várias pessoas, o orgulho de ser cristão.

Sou assembleiano por perceber na Assembleia de Deus uma luta constante para a conservação da comunhão com o Espírito Santo. Na prática, vejo que existem muitas falhas na Assembleia, mas o saldo continua sendo positivo.

Não descarto a possibilidade de uma denominação inteira se tornar herege, mas sou convicto que o verdadeiro evangelho nunca será alterado. Por isso, sempre é louvável o protestantismo! Dentro da igreja, é necessário a constante exortação bíblica para que os possíveis resultados falhos das interações humanas não sejam estabelecidos como doutrinas.

Por ignorância ou hipocrisia, muitos têm negligenciado a existência de heresias no cotidiano assembleiano. Não é em vão que a Bíblia exorta-nos a julgar os espíritos (1 Jo 4.1), é um conselho prático por haver possibilidade da influência demoníaca em qualquer “culto”, em qualquer denominação evangélica. Não é em vão que a Bíblia exorta-nos a julgar as profecias (1 Co 14.29), é outro conselho para podermos conservar a valorização da legítima interferência profética.

Na verdade, até é importante a existência de heresias (1 Co 11.19). Mesmo assim, me preocupa o acréscimo notável na substituição dos conceitos bíblicos de espiritualidade por valores meramente emocionais (avareza, inveja, etc.). Agora, regozijo-me quando vejo os sinceros se manifestando.

No entanto, percebo que se tem aumentado o número de pastores tolerantes aos “showzinhos” e intolerantes aos repúdios pautados na Palavra de Deus. Principalmente, nota-se o silêncio dos pastores equivocados quando são confrontados! Negligenciam as críticas por não quererem “dar o braço a torcer”, não quererem desobedecer à hierarquia ministerial, ou pior, não acreditarem mais numa restauração doutrinária.

Exprimo minha tristeza! Se não há percepção de erros no “culto assembleiano” é porque há cegueira espiritual. Torno a citar: Em todas as reuniões religiosas é possível que, sob diversas influências, os homens cometam erros!

Sabendo da falhabilidade nas denominações, por que será que muitos insistem em defendê-las mais do que o próprio Evangelho? Com certeza estes interesses ocultos serão julgados por nosso Senhor Jesus Cristo.

Sou cristão! Insisto em imitar a Cristo acima de tudo.

Wesley Santos Rezende

Eu sou legalista! (2)

“Não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo” (1 Co 9.21).

Se a nossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, não entraremos no Reino dos céus (Mt 5.20). Ora, como poderemos ser excelentes?

Primeiramente, observamos os exemplos que Bíblia exorta-nos a não seguir. Em parte, os ensinos dos fariseus estavam corretos, no entanto eles não praticavam suas palavras. Tanto é que o Senhor Jesus recomendou que se praticasse o que eles diziam, mas que não se seguisse conforme suas obras (Mt 23.3).

A lei de Moisés nos serviu de aio (Gl 3.24). É repleta de ritos e tradições, prefigurações da conduta e do sacrifício da vida cristã. Hoje em dia, não precisamos cumprir os ritos da lei de Moisés. No entanto, devemos cumprir a lei de Cristo (Gl 6.2).

Como já foi dito, é exigido mais de nós, cristãos, do que era exigido dos judeus. Sim, para que possamos exceder em justiça, temos que ter a oportunidade de sermos mais cobrados (Mt 5.21-48).

Ora, como conseguiremos cumprir a lei de Cristo? Amando a Cristo (Jo 14.15,21). Temos que amar a Palavra! Somente quando entendemos que os mandamentos são bons é que obedecemos de coração. Portanto, a aprendizagem das Escrituras é essencial.
Podemos ser melhores, também, por termos uma lei melhor: a Lei da Fé. Mas é necessário pô-la em prática (Tg 2.12)!

“Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos, acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades.” (Hb 10.16,17).

Wesley Santos Rezende

Eu sou legalista!

“Legalismo: Caráter de doutrina que, em quaisquer circunstâncias, prescreve a estrita obediência à lei e o respeito às instituições.” (Dicionário Aurélio).

Frenquentemente escuto o termo “Legalismo”, referindo-se à Lei de Moisés, à crença na salvação pelas obras. E principalmente, esse termo é utilizado no julgamento de pessoas que afirmam a existência atual de leis para a vida cristã, geralmente é citado em tom pejorativo.

Sim, a salvação é pela graça. Mas alcançamos esse dom de Deus por meio da fé (Ef 2.8). E, a fé sem as obras é morta (Tg 2.17) – o Senhor recompensará cada um segundo as suas obras (Rm 2.6).

Ora, como seremos julgados se a Lei de Moisés não tem mais valor? Agora a Lei de Moisés é substituída por uma lei melhor: a Lei da Fé (Rm 3.27). Deus há de julgar os homens, por Jesus Cristo, segundo as leis do evangelho (Rm 2.16). Sim, pela fé estabelecemos a lei (Rm 3.31).

“Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados.” (Rm 2.13).

Portanto, se obedecemos na íntegra a fé (Jd 3) andamos em novidade de vida (Rm 6.4), não mais ouvindo a carne, mas sim o espírito (Rm 8.1).

Geralmente os israelitas obedeciam à lei de Moisés por causa de imposições. Nós, ao contrário disso, alcançamos a perfeição quando obedecemos de coração (Rm 6.17).

Mas existe algo em comum entre a Lei de Moisés e a Lei da Fé? Sim, ambas nos convence da existência do pecado! Ora, mas por que a Lei da Fé é melhor? Porque quando a obedecemos somos libertos do pecado e feitos servos de Deus (Rm 6.22). Aleluia! A lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte (Rm 8.2).

Abaixo se encontram alguns itens dessa Lei (Rm 12):

• O amor seja não fingido;
• Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem;
• Amai-vos cordialmente uns aos outros;
• Não sejais vagarosos no cuidado;
• Sede fervorosos no espírito;
• Alegrai-vos na esperança;
• Sede pacientes na tribulação;
• Perseverai na oração;
• Abençoai aos que vos perseguem;
• A ninguém torneis mal por mal;
• Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.

“O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.” (Rm 13.10).

Wesley Santos Rezende

Eu não sou o Cristo!


“E confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo” (Jo 1.20).

João Batista, em seu ministério, esteve em notoriedade. Muitos iam até ele (Mt 3.5), provavelmente entre essas pessoas, as motivações para procurá-lo eram as mais diversas. No entanto, mesmo com a popularidade, João nunca se esqueceu de lembrar o povo de sua imperfeição, e da perfeição daquele que viria (Jesus Cristo).

O apóstolo Paulo presenciando uma falha do apóstolo Pedro, repreendeu-o na presença de todos (Gl 2.11). Fiel e humildemente, Pedro aprovou na íntegra os escritos de Paulo, incluindo a repreensão que recebeu (2 Pe 3.15,16), ou seja, confessou que era imperfeito – confessou não ser o Cristo.

Paulo também foi repreendido, mas foi pelo próprio Senhor (2 Co 12.7-9). Foi-lhe permitido ser afetado por um mensageiro de Satanás por haver nele uma inclinação a exaltação própria naquele momento. Também, Fiel e humildemente, Paulo relatou sua imperfeição na carta aos coríntios – confessou não ser o Cristo.

Esses fatos não diminuem a autoridade desses servos de Deus, mas sim, são mais uma prova de que eles eram fiéis ao Senhor. Foram homens que defenderam o Evangelho, e não a si!

Hoje em dia, muitas coisas mudaram! Muitos pastores preferem conservar sua própria imagem, em detrimento da Palavra de Deus. Não aceitam mais serem corrigidos.

Dificilmente, ouve-se falar que um pastor foi repreendido – ainda mais a respeito de presidentes de convenções. Hum... Mas se todos nós erramos, por que esses pastores nunca são advertidos? Talvez seja porque estão cercados de obreiros bajuladores, homens covardes que agem apenas por interesse.

Já ouvi casos de pastores que adulteraram, e simplesmente foram transferidos por seus presidentes para congregações de outras cidades para “abafar” os casos. Isso em nome da “amizade ministerial” (Qual o valor do que está escrito em 1 Tm 5.20?).

Mas, é claro que isso não fica encoberto para a igreja, a fofoca rapidinho trata de espalhar a notícia. A igreja já está acostumada a testemunhar essas incoerências.

É claro que esse pecado é muito mais grave do que as falhas dos apóstolos (nem se compara!). Agora, se esses pecados estão “passando em branco”, imaginem as falhas menos graves!

Pode até parecer ridículo ou desnecessário, mas temos que confessar que não somos Cristo (somente Ele é perfeito!). Mesmo que seja esporadicamente, falhamos em palavras ou atos. Não é a nossa suposta perfeição que sustenta a obra de Deus, mas sim, a perfeição de Cristo em perdoar, purificar e aperfeiçoar os seus servos continuamente.

Wesley Santos Rezende

As sete igrejas

Teoricamente, nas igrejas Assembleias de Deus são ensinadas as mesmas doutrinas. Mas, é evidente que esses ensinamentos nem sempre são postos em prática com fidelidade.

Sempre escuto sobre atitudes que são comuns em nossa igreja em outras cidades. Tais atitudes são referidas por terem gerado escândalo ou dúvidas. E, também sempre tem aquele que tenta trazer as “novidades” para o nosso meio.

Ora, ainda não estou falando de usos e costumes! Mas sim, sobre as influências culturais (regionais) malignas aceitas em algumas de nossas igrejas.

Estamos estudando na EBD sobre a igreja de Corinto, como estava com problemas por se pautar na cultura degenerada daquela cidade. Atualmente, muitas igrejas encontram-se na mesma situação. Por priorizarem as tradições regionais afastam-se da verdade bíblica.

Muitas pessoas tentam justificar suas falhas embasando-se nas diferenças práticas entre as Assembleias de Deus, ou simplesmente não dão mais crédito à Palavra de Deus por não haver uma “mesma língua”. Esses são levados em roda por todo vento de doutrina (Ef 4.14).

Enfim, é possível haver, dentre as Assembleias de Deus, as mesmas práticas? Deixando as utopias de lado, a minha resposta é: Não!

As sete igrejas da Ásia receberam o mesmo Evangelho; no entanto, a situação em que se encontravam divergia muito. Por isso os conteúdos das sete cartas são diferentes.

A igreja de Éfeso foi exortada a voltar à primeira caridade (Ap 2.4), a igreja de Pérgamo foi exortada a respeito da doutrina de Balaão e dos nicolaítas, as quais o Senhor aborrece (Ap 2.14-16)...

Em nossos dias, entre as Assembleias de Deus, existem aquelas igrejas que estão agradando mais a Deus com as suas obras, como foi o caso da igreja de Filadélfia. Mas, existem aquelas que estão desonrando a Deus, como a igreja de Laodicéia.

Portanto, é nosso dever analisar a situação real de nossa igreja. Entre as sete cartas, a igreja em que você congrega mereceria receber qual (quais)?

É verdade que não existe igreja perfeita, mas sempre devemos buscar a perfeição (Ef 4.11-13). Iniciando-se na correção dos erros graves.

Os que dizem ser apóstolos são postos à prova em sua igreja (Ap 2.2)? As igrejas situadas em cidades extremamente corruptas estão guardando a fé (Ap 2.13)?

Assim diz o Senhor: “Eu sei as tuas obras” (em todas as sete cartas).

"Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha" (Mt 7.24).

Wesley Santos Rezende

Satanás ainda apresenta-se diante de Deus?

Analisando os capítulos 13 e 14 do livro de Isaías, encontramos uma referência oculta à Satanás. No capítulo 13 inicia-se o “peso da Babilônia”, que já teve seu cumprimento literal com a sua destruição (as ruínas de Babilônia estão no país chamado Iraque)*.

Com referência à escatologia, podemos perceber a sequência de vários acontecimentos. Primeiro; a vinda do dia do Senhor, que é um período de tempo referente à grande tribulação (Is 13). Segundo; a instituição do Reino milenar, com a restauração de Israel (Is 14.1-3). Terceiro; a partir do verso 4 está relatado um dito contra o rei de Babilônia (figura de Satanás). É importante observar que os verbos estão no futuro: responderão, dirão, estenderão, cobrirão, serás, contemplarão (Is 14.10-16). Portanto, somente após o Reino milenar que Satanás será lançado no inferno.

Em Ezequiel 28, encontramos novamente uma referência oculta à Satanás. No verso 16 está escrito: “Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim protetor, entre pedras afogueadas.” (atenção novamente nos verbos no futuro).

Analisando o capítulo 12 do livro de Apocalipse; percebemos, novamente, uma sequencia de acontecimentos. No verso 4, dar-se a entender que somente a terça parte das estrelas foram lançadas sobre a Terra, e não o dragão. Somente depois da batalha no céu, Satanás será precipitado na Terra (verso 9) – período da tribulação. Após isso, durante o Reino milenar o diabo estará preso (Ap 20.2) e, acabando-se os mil anos será lançado no lago de fogo e enxofre (Ap 20.7-10).

No livro de Jó está relatado como Satanás apresentou-se perante o Senhor (Jó 1.6,7; Jó 2.1,2). Isso com o objetivo de acusar o servo de Deus. A partir disso, entendemos como são as batalhas espirituais nos lugares celestiais.

No livro de Daniel está relatado como o “príncipe do reino da Pérsia” e os “reis da Pérsia” opuseram-se ao anjo que trazia a revelação de Deus. Mas, o arcanjo Miguel desobstruiu essa barreira demoníaca, permitindo a passagem do anjo anunciador. Ora, tiramos desse fato uma lição valiosa sobre a perseverança na oração. E, vemos novamente as batalhas na esfera espiritual.

Em o Novo Testamento está relatado que Satanás nos acusa de dia e de noite diante do nosso Deus (Ap 12.10). E, essa permissão será aniquilada com a sua expulsão dos lugares celestiais.

Então por que Jesus disse que via Satanás cair do céu (Lc 10.18)? Satanás é o príncipe deste mundo que está sob a influência da maldade e, quando quer, rodeia e passeia pela Terra (Jó 1.7). Assim como ele veio à Terra para tentar ao Senhor Jesus, veio também para impedir que os setenta discípulos realizassem aquela obra. Satanás desceu do céu com ímpeto, mas o Senhor Jesus fez com que os discípulos fossem vitoriosos.

* cf. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p. 1010.

Wesley Santos Rezende

A Fé

Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem (Hb 11.1).

A fé é a nossa justificativa para esperarmos as coisas provenientes de Deus. Não é algo irracional (Rm 12.1; 1 Pe 2.2). Mas sim, torna-nos conscientes da realidade espiritual existente. A nossa fé cresce quando adquirimos mais sabedoria (Rm 10.17). Ou seja, quanto mais próximos estamos de Deus, maior é o nosso entendimento sobre a capacidade e a vontade d’Ele (1 Co 2.5). E, quando temos em nossas vidas o conhecimento de Deus somos mais convictos a respeito de nossa crença.

A fé não é algum tipo de persuasão psicológica ou lavagem cerebral. A nossa fé vem da análise das palavras de Deus (Jo 5.39). O Senhor Jesus é o autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2). Foi Cristo quem revelou, afirmou e explicou o mistério da vontade de Deus (Ef 1.9; Cl 1.26). E, como havia a necessidade, ofereceu-se como sacrifício para reconciliar os homens com Deus (Hb 5.9).

Jesus Cristo pregou o Evangelho do Reino dos Céus (Mt 4.23;.Mt 24.14). E, é por causa dessas palavras de verdade que buscamos as manifestações do Espírito Santo, desejando obter seus frutos (Gl 5.22), que são melhores do que os existentes no mundo carnal. O Espírito Santo nos ensina todas as coisas e nos faz lembrar as palavras ditas por Jesus, porque tem acesso às profundezas de Deus (Jo 14.26; 1 Co 2.10).

Pela fé testificamos a existência daquilo que não vemos. Nem todas as coisas e obras de Deus estão esclarecidas na Bíblia (Dt 29.29). Mas, as várias outras obras do Senhor confirmam o grande poder que Ele possui; e assim acreditamos que o Senhor realizou tais fatos inexplicáveis a nós homens. Deus não mente (Nm 23.19; Tt 1.2; 2 Tm 2.13). A nossa salvação em Cristo depende da fé (Ef 2.8). Pela fé somos abençoados por Deus (Tg 1.6). A fé em Cristo purifica nossos corações (At 15.9). E, a nossa fé sempre deve estar crescendo e sendo aperfeiçoada (2 Pe 1.5,6).

Quando pedimos para Deus que venha acrescentar a fé em nós, queremos que o Senhor venha agir para que o conheçamos mais. E, não quer dizer que desejamos que a nossa inteligência seja controlada. Nós não somos marionetes nas mãos de Deus, temos o livre-arbítrio e o servimos por ter a consciência que isso é o melhor. Jesus Cristo é misericordioso, tem derramado suas bênçãos para ajudar-nos a entender o mistério da fé. Muitas vezes não cremos, mas o Senhor faz obras maravilhosas para que o conheçamos (Mc 9.23-27).

A fé não é algum tipo de super poder mental dos homens. As obras realizadas mediante a nossa fé são concretizadas por Deus. E, para que Deus atenda as nossas petições, tudo tem que estar de acordo com a Sua vontade.

Em Lucas 17.5, os apóstolos pediram de forma inadequada a fé. Mas o Senhor ensinou que se nós fizermos algo somente quando Deus nos manda, ou agimos somente dependentes de uma interferência sobrenatural de Deus, somos servos inúteis. Ora, nós devemos perdoar ao próximo e servir a Deus por entendermos a sabedoria e o amor que provêm do alto, e não por uma motivação incompreensível.

A fé tem que ser uma resposta nossa a Deus (tem que partir de nós).
A fé verdadeira está condicionada ao conhecimento das palavras de Deus.
A fé está ligada ao discernimento espiritual.
A fé influencia na percepção das necessidades do próximo.
A fé é um estímulo para trabalharmos para Deus.

Wesley Santos Rezende

“Caí a seus pés”

Os anjos foram criados por Deus antes de existir a Terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5), vêem a face de Deus (Mt 18.10), habitam no céu (Mc 13.32) e nunca morrerão (Lc 20.34-36)*. Ora, entendo a partir disso que os anjos possuem corpos semelhantes aos que os homens salvos receberão quando o Senhor Jesus voltar (Rm 8.29). Isto é, corpos incorruptíveis – inalteráveis – e gloriosos (1 Co 15.40,42,53).

A Bíblia relata visões de o anjo Gabriel em três ocasiões (Dn 8; Dn 9; Lc 1). Em Daniel 8.17,18; o profeta tendo o controle de suas faculdades mentais viu o anjo se aproximando e ficou assombrado; logo após, caiu sobre o seu rosto. Acredito que “cair sobre o rosto” é uma figura de linguagem que se refere a ajoelhar-se e enfatiza o temor sentido no momento. Assim também como: “como morto” ou “em desmaio” – veja que o profeta não desmaiou, pois continuou ouvindo e depois se ajoelhou (Dn 10.8,9). Em Daniel 10.10; está escrito que o profeta moveu-se sobre seus joelhos e sobre as palmas das mãos, ou seja, estava ajoelhado. Em Daniel 10.11; foi lhe dito que estivesse em pé (de um anjo de ordem inferior a Miguel). Está relatado o grande temor que Daniel estava sentido, mas foi-lhe dito: “Não temas”.

É verdade que Daniel sofreu dores em seu corpo – relato de Daniel após ter sido dado a ele a oportunidade de falar (Dn 10.15-16) –, mas talvez isso se pode explicar por uma possível deficiência nutricional sofrida por ele, por ter mudado sua rotina alimentícia durante o jejum. Entendo que nosso corpo é suscetível a isso. Veja que em Daniel 9.21,22 o profeta não descreve fadiga alguma. O importante é que Daniel estava capacitado para receber as visões, pois o anjo exclamou: “Anima-te, sim, anima-te!”. E, o profeta entendendo isso, esforçou-se (Dn 10.19).

É claro que todos os fatos têm suas particularidades, mas creio que em todas as visões de anjos a glória era semelhante (pois seus corpos são inalteráveis). Ah, mas os anjos não podem aparecer em forma humana? Sim, mas quando isso acontece tornam-se irreconhecíveis aos nossos olhos (Hb 13.2). Zacarias viu a Gabriel e caiu temor sobre ele; no entanto a única conseqüência ao seu corpo foi ficar mudo porque não crera na mensagem (Lc 1.19,20). Maria também contemplou uma visão angelical, mas ao contrário de Zacarias ela acreditou (Lc 1.26-29). Nós sabemos que não devemos nos ajoelhar diante dos anjos (Ap 22.8,9). Ora, pode-se afirmar que Daniel caiu por causa da grande visão?

E quanto à visão do apóstolo João? Foi muito mais gloriosa porque era o Cristo glorificado. Mas, será realmente que João caiu? Acho que ele ajoelhou-se. Sempre quando leio passagens bíblicas referentes a esse assunto, a ordem é: “Põe-te em pé” (Ez 2.1,2; Ez 3.24; Dn 8.18; Dn 10.11). Ora, entendo que a vontade de Deus é que estejamos em pé diante dEle. Mas, não é por isso que vamos deixar de reverenciá-lo ajoelhando-nos. Quem capacita-nos a estar em pé é o Espírito Santo (Ez 2.1,2). Moisés subiu ao monte Sinai, viu ao Senhor (Ex 33.18-23). Dentre várias citações, a única influência no corpo de Moisés que eu encontrei foi que seu rosto resplandecia, mas a glória era transitória.

Acredito que o Senhor dá visões celestiais a servos que estão em comunhão com o Espírito Santo (capacitados), mas somente quando existe uma real necessidade. Ou seja, tudo com o propósito de edificar.

(*)cf. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p. 386.

Wesley Santos Rezende

Josué e os gibeonitas

Esta história encontra-se na Bíblia, nos capítulos 9 e 10 do livro de Josué. Por certo, já ouvi muitos discorrerem sobre esse assunto. Mas, nunca ouvi de alguém o que escreverei aqui, e também ainda não encontrei alguém que concordasse com os meus comentários, ou os contestasse.

Dizem que a aliança entre Israel e o gibeonitas foi uma transgressão muito grave à Lei de Deus. Mesmo assim, eu me pergunto: o erro estava em estabelecer um pacto ou estabelecer um pacto sem aconselhar-se com Deus?

Nós encontramos na Bíblia a permissão para que estrangeiros celebrassem a páscoa (Ex 12.48), contanto que eles se submetessem às leis e aos costumes dos israelitas (Ex 12.49). A partir disso, eles seriam considerados como naturais da terra. E, podia-se acolher estrangeiros dentro do território israelita, contanto que esses não os incitasse de alguma forma à desobedecerem a Deus (Ex 20.10). Os estrangeiros poderiam adorar a Deus com sacrifícios (Lv 17.8,9).

No entanto, por que Deus disse: “Não farás concerto algum com eles” (Ex 23.32; Ex 34.12)? Ora, para que eles não viessem a fazer os israelitas pecarem (Ex 23.33). E, para que os costumes estranhos não viessem a ser laços na vida dos israelitas (Ex 34.12).

Agora, e se uma nação se arrependesse de suas más obras e quisesse ter comunhão com Deus? Eu não sou daqueles que acreditam que todas as nações de Canaã estavam destinadas a morte. Creio que o desejo de Deus era que elas se arrependessem de seus maus caminhos (Ez 18.23), mas o Senhor exerceu o juízo sobre a palestina por causa do pecado que se alastrara.

É verdade que os gibeonitas foram a Israel com intuito de enganá-los. Mas, os israelitas deveriam estar preparados para essa situação. Talvez, se Josué tivesse consultado a Deus, o Senhor mandaria que os gibeonitas se convertessem à vontade dEle. E assim, talvez não seriam amaldiçoados (Js 9.23). Acredito que o erro nessa aliança foi o fato de ter sido precipitada, e de não ter sido exigida a santidade aos gibeonitas.

Da mesma forma, atualmente muitas pessoas vão à igreja com intuito de enganar o povo de Deus. Mas, nós devemos estar preparados para discernir e pregar o Evangelho a elas. O pensamento mau que uma pessoa possa ter em seu coração não deve diminuir a nossa vontade de que ela venha a ser salva em Cristo. Assim; após elas ouvirem a Palavra, aceitarem e confessarem a Cristo como único Salvador, converterem-se de seus maus caminhos, serem batizadas nas águas, são aceitas à comunhão com o corpo de Cristo.

Israel foi eleito como povo de Deus para que transmitisse ao mundo as palavras do Senhor, e também tinha obrigação de produzir bons frutos (Mt 21.33-46).

Sobre o fato de os israelitas terem defendido os gibeonitas dos cinco reis, muitos dizem que era obrigação pactual. Quando leio a Bíblia, entendo que a aliança feita entre Israel e Gibeão consistia apenas em trégua. Israel prometeu apenas não atacar Gibeão (Js 9.15,18,19,20). Não está relatado nada a respeito de defendê-los. Então por que os defenderam? Porque os gibeonitas estavam sendo perseguidos por se aliarem ao povo de Deus (Js 10.4), o Senhor é um Deus misericordioso e os israelitas tinham amor no coração (Lv 19.34).

Você ajuda alguém por obrigação ou por ter o amor de Cristo em sua vida?

Wesley Santos Rezende

Os “sábios” te dão atenção?

Doutrinas falsas, heresias de perdição e desvalorização da santidade têm se multiplicado entre os “evangélicos”. Vários fatores influenciam, mas vou escrever particularmente sobre a falta de comunicação entre irmãos.

Existem muitas pessoas, até mesmo obreiros, que se consideram os “donos da verdade”, e discriminam qualquer refutação feita a eles. Desprezam os mandamentos do Senhor de examinar e provar os espíritos e as palavras (Jo 5.39; 1 Ts 5.21; 1 Jo 4.1).

Entendem que aqueles que os indagam são perturbadores, tolos ou até hereges. Afirmam que basta ouvir para se adquirir conhecimento. Utilizam-se do púlpito para afirmarem a autoridade de suas palavras ou invocam seu cargo ministerial para fugir de qualquer debate, ou encerrá-lo. E, até se embrutecem esquecendo-se do que está escrito em Tg 3.13.

Existem também aqueles que negligenciam sua responsabilidade de ensinar (Ex 24.12; 1 Tm 4.13). Dizem que só na igreja pode-se receber ensinos, esquecendo-se que Jesus e seus discípulos ensinaram em vários lugares (Mc 4.1; At 5.42). Afirmam que com o passar do tempo os falto de sabedoria irão adquiri-la. Como poderemos entender, se alguém não ensinar (At 8.31)?

Essas pessoas acham que já sabem tudo! Não pedem mais sabedoria a Deus, como fez Salomão (2 Cr 1.10). Desconsideram o fato de sempre podermos crescer na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18). Acham que não há sabedoria suficiente em pessoas jovens para questioná-los. Mas a verdade é que Deus dá conhecimento a jovens (Dn 1.17). Fazem acepção de pessoas. Escutam absurdos de pessoas que detêm certa honra, sem refutá-las; e humilham os símplices em vez de ensiná-los.

Deus também usa os pequenos para proclamar a verdade. Cuidado para não estar desprezando a Palavra de Deus!

Desejo que essas pessoas examinem a si, e ponderem as palavras de contestação que possam chegar a elas. Desejo que não subestimem os irmãos. Desejo que se preparem para responder de forma coerente. Desejo que tenham zelo pela Palavra de Deus. Desejo que tenham o coração preparado para servir ao Senhor!

Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do Senhor, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os estatutos e os seus direitos. (Esdras 7.10).

Concordo com os que dizem que sou limitado em conhecimento, mas estou me esforçando para aprender. Não questiono para causar desordem, e sim para que todas as boas palavras de Deus, reveladas aos homens, sejam esclarecidas.

Wesley Santos Rezende