“Caí a seus pés”

Os anjos foram criados por Deus antes de existir a Terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5), vêem a face de Deus (Mt 18.10), habitam no céu (Mc 13.32) e nunca morrerão (Lc 20.34-36)*. Ora, entendo a partir disso que os anjos possuem corpos semelhantes aos que os homens salvos receberão quando o Senhor Jesus voltar (Rm 8.29). Isto é, corpos incorruptíveis – inalteráveis – e gloriosos (1 Co 15.40,42,53).

A Bíblia relata visões de o anjo Gabriel em três ocasiões (Dn 8; Dn 9; Lc 1). Em Daniel 8.17,18; o profeta tendo o controle de suas faculdades mentais viu o anjo se aproximando e ficou assombrado; logo após, caiu sobre o seu rosto. Acredito que “cair sobre o rosto” é uma figura de linguagem que se refere a ajoelhar-se e enfatiza o temor sentido no momento. Assim também como: “como morto” ou “em desmaio” – veja que o profeta não desmaiou, pois continuou ouvindo e depois se ajoelhou (Dn 10.8,9). Em Daniel 10.10; está escrito que o profeta moveu-se sobre seus joelhos e sobre as palmas das mãos, ou seja, estava ajoelhado. Em Daniel 10.11; foi lhe dito que estivesse em pé (de um anjo de ordem inferior a Miguel). Está relatado o grande temor que Daniel estava sentido, mas foi-lhe dito: “Não temas”.

É verdade que Daniel sofreu dores em seu corpo – relato de Daniel após ter sido dado a ele a oportunidade de falar (Dn 10.15-16) –, mas talvez isso se pode explicar por uma possível deficiência nutricional sofrida por ele, por ter mudado sua rotina alimentícia durante o jejum. Entendo que nosso corpo é suscetível a isso. Veja que em Daniel 9.21,22 o profeta não descreve fadiga alguma. O importante é que Daniel estava capacitado para receber as visões, pois o anjo exclamou: “Anima-te, sim, anima-te!”. E, o profeta entendendo isso, esforçou-se (Dn 10.19).

É claro que todos os fatos têm suas particularidades, mas creio que em todas as visões de anjos a glória era semelhante (pois seus corpos são inalteráveis). Ah, mas os anjos não podem aparecer em forma humana? Sim, mas quando isso acontece tornam-se irreconhecíveis aos nossos olhos (Hb 13.2). Zacarias viu a Gabriel e caiu temor sobre ele; no entanto a única conseqüência ao seu corpo foi ficar mudo porque não crera na mensagem (Lc 1.19,20). Maria também contemplou uma visão angelical, mas ao contrário de Zacarias ela acreditou (Lc 1.26-29). Nós sabemos que não devemos nos ajoelhar diante dos anjos (Ap 22.8,9). Ora, pode-se afirmar que Daniel caiu por causa da grande visão?

E quanto à visão do apóstolo João? Foi muito mais gloriosa porque era o Cristo glorificado. Mas, será realmente que João caiu? Acho que ele ajoelhou-se. Sempre quando leio passagens bíblicas referentes a esse assunto, a ordem é: “Põe-te em pé” (Ez 2.1,2; Ez 3.24; Dn 8.18; Dn 10.11). Ora, entendo que a vontade de Deus é que estejamos em pé diante dEle. Mas, não é por isso que vamos deixar de reverenciá-lo ajoelhando-nos. Quem capacita-nos a estar em pé é o Espírito Santo (Ez 2.1,2). Moisés subiu ao monte Sinai, viu ao Senhor (Ex 33.18-23). Dentre várias citações, a única influência no corpo de Moisés que eu encontrei foi que seu rosto resplandecia, mas a glória era transitória.

Acredito que o Senhor dá visões celestiais a servos que estão em comunhão com o Espírito Santo (capacitados), mas somente quando existe uma real necessidade. Ou seja, tudo com o propósito de edificar.

(*)cf. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p. 386.

Wesley Santos Rezende

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