Satanás ainda apresenta-se diante de Deus?

Analisando os capítulos 13 e 14 do livro de Isaías, encontramos uma referência oculta à Satanás. No capítulo 13 inicia-se o “peso da Babilônia”, que já teve seu cumprimento literal com a sua destruição (as ruínas de Babilônia estão no país chamado Iraque)*.

Com referência à escatologia, podemos perceber a sequência de vários acontecimentos. Primeiro; a vinda do dia do Senhor, que é um período de tempo referente à grande tribulação (Is 13). Segundo; a instituição do Reino milenar, com a restauração de Israel (Is 14.1-3). Terceiro; a partir do verso 4 está relatado um dito contra o rei de Babilônia (figura de Satanás). É importante observar que os verbos estão no futuro: responderão, dirão, estenderão, cobrirão, serás, contemplarão (Is 14.10-16). Portanto, somente após o Reino milenar que Satanás será lançado no inferno.

Em Ezequiel 28, encontramos novamente uma referência oculta à Satanás. No verso 16 está escrito: “Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim protetor, entre pedras afogueadas.” (atenção novamente nos verbos no futuro).

Analisando o capítulo 12 do livro de Apocalipse; percebemos, novamente, uma sequencia de acontecimentos. No verso 4, dar-se a entender que somente a terça parte das estrelas foram lançadas sobre a Terra, e não o dragão. Somente depois da batalha no céu, Satanás será precipitado na Terra (verso 9) – período da tribulação. Após isso, durante o Reino milenar o diabo estará preso (Ap 20.2) e, acabando-se os mil anos será lançado no lago de fogo e enxofre (Ap 20.7-10).

No livro de Jó está relatado como Satanás apresentou-se perante o Senhor (Jó 1.6,7; Jó 2.1,2). Isso com o objetivo de acusar o servo de Deus. A partir disso, entendemos como são as batalhas espirituais nos lugares celestiais.

No livro de Daniel está relatado como o “príncipe do reino da Pérsia” e os “reis da Pérsia” opuseram-se ao anjo que trazia a revelação de Deus. Mas, o arcanjo Miguel desobstruiu essa barreira demoníaca, permitindo a passagem do anjo anunciador. Ora, tiramos desse fato uma lição valiosa sobre a perseverança na oração. E, vemos novamente as batalhas na esfera espiritual.

Em o Novo Testamento está relatado que Satanás nos acusa de dia e de noite diante do nosso Deus (Ap 12.10). E, essa permissão será aniquilada com a sua expulsão dos lugares celestiais.

Então por que Jesus disse que via Satanás cair do céu (Lc 10.18)? Satanás é o príncipe deste mundo que está sob a influência da maldade e, quando quer, rodeia e passeia pela Terra (Jó 1.7). Assim como ele veio à Terra para tentar ao Senhor Jesus, veio também para impedir que os setenta discípulos realizassem aquela obra. Satanás desceu do céu com ímpeto, mas o Senhor Jesus fez com que os discípulos fossem vitoriosos.

* cf. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p. 1010.

Wesley Santos Rezende

A Fé

Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem (Hb 11.1).

A fé é a nossa justificativa para esperarmos as coisas provenientes de Deus. Não é algo irracional (Rm 12.1; 1 Pe 2.2). Mas sim, torna-nos conscientes da realidade espiritual existente. A nossa fé cresce quando adquirimos mais sabedoria (Rm 10.17). Ou seja, quanto mais próximos estamos de Deus, maior é o nosso entendimento sobre a capacidade e a vontade d’Ele (1 Co 2.5). E, quando temos em nossas vidas o conhecimento de Deus somos mais convictos a respeito de nossa crença.

A fé não é algum tipo de persuasão psicológica ou lavagem cerebral. A nossa fé vem da análise das palavras de Deus (Jo 5.39). O Senhor Jesus é o autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2). Foi Cristo quem revelou, afirmou e explicou o mistério da vontade de Deus (Ef 1.9; Cl 1.26). E, como havia a necessidade, ofereceu-se como sacrifício para reconciliar os homens com Deus (Hb 5.9).

Jesus Cristo pregou o Evangelho do Reino dos Céus (Mt 4.23;.Mt 24.14). E, é por causa dessas palavras de verdade que buscamos as manifestações do Espírito Santo, desejando obter seus frutos (Gl 5.22), que são melhores do que os existentes no mundo carnal. O Espírito Santo nos ensina todas as coisas e nos faz lembrar as palavras ditas por Jesus, porque tem acesso às profundezas de Deus (Jo 14.26; 1 Co 2.10).

Pela fé testificamos a existência daquilo que não vemos. Nem todas as coisas e obras de Deus estão esclarecidas na Bíblia (Dt 29.29). Mas, as várias outras obras do Senhor confirmam o grande poder que Ele possui; e assim acreditamos que o Senhor realizou tais fatos inexplicáveis a nós homens. Deus não mente (Nm 23.19; Tt 1.2; 2 Tm 2.13). A nossa salvação em Cristo depende da fé (Ef 2.8). Pela fé somos abençoados por Deus (Tg 1.6). A fé em Cristo purifica nossos corações (At 15.9). E, a nossa fé sempre deve estar crescendo e sendo aperfeiçoada (2 Pe 1.5,6).

Quando pedimos para Deus que venha acrescentar a fé em nós, queremos que o Senhor venha agir para que o conheçamos mais. E, não quer dizer que desejamos que a nossa inteligência seja controlada. Nós não somos marionetes nas mãos de Deus, temos o livre-arbítrio e o servimos por ter a consciência que isso é o melhor. Jesus Cristo é misericordioso, tem derramado suas bênçãos para ajudar-nos a entender o mistério da fé. Muitas vezes não cremos, mas o Senhor faz obras maravilhosas para que o conheçamos (Mc 9.23-27).

A fé não é algum tipo de super poder mental dos homens. As obras realizadas mediante a nossa fé são concretizadas por Deus. E, para que Deus atenda as nossas petições, tudo tem que estar de acordo com a Sua vontade.

Em Lucas 17.5, os apóstolos pediram de forma inadequada a fé. Mas o Senhor ensinou que se nós fizermos algo somente quando Deus nos manda, ou agimos somente dependentes de uma interferência sobrenatural de Deus, somos servos inúteis. Ora, nós devemos perdoar ao próximo e servir a Deus por entendermos a sabedoria e o amor que provêm do alto, e não por uma motivação incompreensível.

A fé tem que ser uma resposta nossa a Deus (tem que partir de nós).
A fé verdadeira está condicionada ao conhecimento das palavras de Deus.
A fé está ligada ao discernimento espiritual.
A fé influencia na percepção das necessidades do próximo.
A fé é um estímulo para trabalharmos para Deus.

Wesley Santos Rezende

“Caí a seus pés”

Os anjos foram criados por Deus antes de existir a Terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5), vêem a face de Deus (Mt 18.10), habitam no céu (Mc 13.32) e nunca morrerão (Lc 20.34-36)*. Ora, entendo a partir disso que os anjos possuem corpos semelhantes aos que os homens salvos receberão quando o Senhor Jesus voltar (Rm 8.29). Isto é, corpos incorruptíveis – inalteráveis – e gloriosos (1 Co 15.40,42,53).

A Bíblia relata visões de o anjo Gabriel em três ocasiões (Dn 8; Dn 9; Lc 1). Em Daniel 8.17,18; o profeta tendo o controle de suas faculdades mentais viu o anjo se aproximando e ficou assombrado; logo após, caiu sobre o seu rosto. Acredito que “cair sobre o rosto” é uma figura de linguagem que se refere a ajoelhar-se e enfatiza o temor sentido no momento. Assim também como: “como morto” ou “em desmaio” – veja que o profeta não desmaiou, pois continuou ouvindo e depois se ajoelhou (Dn 10.8,9). Em Daniel 10.10; está escrito que o profeta moveu-se sobre seus joelhos e sobre as palmas das mãos, ou seja, estava ajoelhado. Em Daniel 10.11; foi lhe dito que estivesse em pé (de um anjo de ordem inferior a Miguel). Está relatado o grande temor que Daniel estava sentido, mas foi-lhe dito: “Não temas”.

É verdade que Daniel sofreu dores em seu corpo – relato de Daniel após ter sido dado a ele a oportunidade de falar (Dn 10.15-16) –, mas talvez isso se pode explicar por uma possível deficiência nutricional sofrida por ele, por ter mudado sua rotina alimentícia durante o jejum. Entendo que nosso corpo é suscetível a isso. Veja que em Daniel 9.21,22 o profeta não descreve fadiga alguma. O importante é que Daniel estava capacitado para receber as visões, pois o anjo exclamou: “Anima-te, sim, anima-te!”. E, o profeta entendendo isso, esforçou-se (Dn 10.19).

É claro que todos os fatos têm suas particularidades, mas creio que em todas as visões de anjos a glória era semelhante (pois seus corpos são inalteráveis). Ah, mas os anjos não podem aparecer em forma humana? Sim, mas quando isso acontece tornam-se irreconhecíveis aos nossos olhos (Hb 13.2). Zacarias viu a Gabriel e caiu temor sobre ele; no entanto a única conseqüência ao seu corpo foi ficar mudo porque não crera na mensagem (Lc 1.19,20). Maria também contemplou uma visão angelical, mas ao contrário de Zacarias ela acreditou (Lc 1.26-29). Nós sabemos que não devemos nos ajoelhar diante dos anjos (Ap 22.8,9). Ora, pode-se afirmar que Daniel caiu por causa da grande visão?

E quanto à visão do apóstolo João? Foi muito mais gloriosa porque era o Cristo glorificado. Mas, será realmente que João caiu? Acho que ele ajoelhou-se. Sempre quando leio passagens bíblicas referentes a esse assunto, a ordem é: “Põe-te em pé” (Ez 2.1,2; Ez 3.24; Dn 8.18; Dn 10.11). Ora, entendo que a vontade de Deus é que estejamos em pé diante dEle. Mas, não é por isso que vamos deixar de reverenciá-lo ajoelhando-nos. Quem capacita-nos a estar em pé é o Espírito Santo (Ez 2.1,2). Moisés subiu ao monte Sinai, viu ao Senhor (Ex 33.18-23). Dentre várias citações, a única influência no corpo de Moisés que eu encontrei foi que seu rosto resplandecia, mas a glória era transitória.

Acredito que o Senhor dá visões celestiais a servos que estão em comunhão com o Espírito Santo (capacitados), mas somente quando existe uma real necessidade. Ou seja, tudo com o propósito de edificar.

(*)cf. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p. 386.

Wesley Santos Rezende

Josué e os gibeonitas

Esta história encontra-se na Bíblia, nos capítulos 9 e 10 do livro de Josué. Por certo, já ouvi muitos discorrerem sobre esse assunto. Mas, nunca ouvi de alguém o que escreverei aqui, e também ainda não encontrei alguém que concordasse com os meus comentários, ou os contestasse.

Dizem que a aliança entre Israel e o gibeonitas foi uma transgressão muito grave à Lei de Deus. Mesmo assim, eu me pergunto: o erro estava em estabelecer um pacto ou estabelecer um pacto sem aconselhar-se com Deus?

Nós encontramos na Bíblia a permissão para que estrangeiros celebrassem a páscoa (Ex 12.48), contanto que eles se submetessem às leis e aos costumes dos israelitas (Ex 12.49). A partir disso, eles seriam considerados como naturais da terra. E, podia-se acolher estrangeiros dentro do território israelita, contanto que esses não os incitasse de alguma forma à desobedecerem a Deus (Ex 20.10). Os estrangeiros poderiam adorar a Deus com sacrifícios (Lv 17.8,9).

No entanto, por que Deus disse: “Não farás concerto algum com eles” (Ex 23.32; Ex 34.12)? Ora, para que eles não viessem a fazer os israelitas pecarem (Ex 23.33). E, para que os costumes estranhos não viessem a ser laços na vida dos israelitas (Ex 34.12).

Agora, e se uma nação se arrependesse de suas más obras e quisesse ter comunhão com Deus? Eu não sou daqueles que acreditam que todas as nações de Canaã estavam destinadas a morte. Creio que o desejo de Deus era que elas se arrependessem de seus maus caminhos (Ez 18.23), mas o Senhor exerceu o juízo sobre a palestina por causa do pecado que se alastrara.

É verdade que os gibeonitas foram a Israel com intuito de enganá-los. Mas, os israelitas deveriam estar preparados para essa situação. Talvez, se Josué tivesse consultado a Deus, o Senhor mandaria que os gibeonitas se convertessem à vontade dEle. E assim, talvez não seriam amaldiçoados (Js 9.23). Acredito que o erro nessa aliança foi o fato de ter sido precipitada, e de não ter sido exigida a santidade aos gibeonitas.

Da mesma forma, atualmente muitas pessoas vão à igreja com intuito de enganar o povo de Deus. Mas, nós devemos estar preparados para discernir e pregar o Evangelho a elas. O pensamento mau que uma pessoa possa ter em seu coração não deve diminuir a nossa vontade de que ela venha a ser salva em Cristo. Assim; após elas ouvirem a Palavra, aceitarem e confessarem a Cristo como único Salvador, converterem-se de seus maus caminhos, serem batizadas nas águas, são aceitas à comunhão com o corpo de Cristo.

Israel foi eleito como povo de Deus para que transmitisse ao mundo as palavras do Senhor, e também tinha obrigação de produzir bons frutos (Mt 21.33-46).

Sobre o fato de os israelitas terem defendido os gibeonitas dos cinco reis, muitos dizem que era obrigação pactual. Quando leio a Bíblia, entendo que a aliança feita entre Israel e Gibeão consistia apenas em trégua. Israel prometeu apenas não atacar Gibeão (Js 9.15,18,19,20). Não está relatado nada a respeito de defendê-los. Então por que os defenderam? Porque os gibeonitas estavam sendo perseguidos por se aliarem ao povo de Deus (Js 10.4), o Senhor é um Deus misericordioso e os israelitas tinham amor no coração (Lv 19.34).

Você ajuda alguém por obrigação ou por ter o amor de Cristo em sua vida?

Wesley Santos Rezende

Os “sábios” te dão atenção?

Doutrinas falsas, heresias de perdição e desvalorização da santidade têm se multiplicado entre os “evangélicos”. Vários fatores influenciam, mas vou escrever particularmente sobre a falta de comunicação entre irmãos.

Existem muitas pessoas, até mesmo obreiros, que se consideram os “donos da verdade”, e discriminam qualquer refutação feita a eles. Desprezam os mandamentos do Senhor de examinar e provar os espíritos e as palavras (Jo 5.39; 1 Ts 5.21; 1 Jo 4.1).

Entendem que aqueles que os indagam são perturbadores, tolos ou até hereges. Afirmam que basta ouvir para se adquirir conhecimento. Utilizam-se do púlpito para afirmarem a autoridade de suas palavras ou invocam seu cargo ministerial para fugir de qualquer debate, ou encerrá-lo. E, até se embrutecem esquecendo-se do que está escrito em Tg 3.13.

Existem também aqueles que negligenciam sua responsabilidade de ensinar (Ex 24.12; 1 Tm 4.13). Dizem que só na igreja pode-se receber ensinos, esquecendo-se que Jesus e seus discípulos ensinaram em vários lugares (Mc 4.1; At 5.42). Afirmam que com o passar do tempo os falto de sabedoria irão adquiri-la. Como poderemos entender, se alguém não ensinar (At 8.31)?

Essas pessoas acham que já sabem tudo! Não pedem mais sabedoria a Deus, como fez Salomão (2 Cr 1.10). Desconsideram o fato de sempre podermos crescer na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18). Acham que não há sabedoria suficiente em pessoas jovens para questioná-los. Mas a verdade é que Deus dá conhecimento a jovens (Dn 1.17). Fazem acepção de pessoas. Escutam absurdos de pessoas que detêm certa honra, sem refutá-las; e humilham os símplices em vez de ensiná-los.

Deus também usa os pequenos para proclamar a verdade. Cuidado para não estar desprezando a Palavra de Deus!

Desejo que essas pessoas examinem a si, e ponderem as palavras de contestação que possam chegar a elas. Desejo que não subestimem os irmãos. Desejo que se preparem para responder de forma coerente. Desejo que tenham zelo pela Palavra de Deus. Desejo que tenham o coração preparado para servir ao Senhor!

Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do Senhor, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os estatutos e os seus direitos. (Esdras 7.10).

Concordo com os que dizem que sou limitado em conhecimento, mas estou me esforçando para aprender. Não questiono para causar desordem, e sim para que todas as boas palavras de Deus, reveladas aos homens, sejam esclarecidas.

Wesley Santos Rezende