Crentes Maquiavélicos

Ao contrário do princípio amoralista de que os fins justificam os meios, os cristãos têm a obediência a Deus como norteadora de suas vidas. Sabendo que o ser humano não é inerte: os meios pelos quais os cristãos conquistam algo são estritos aos preceitos do amor, respeito e humildade. Entretanto, temos em Deus a nossa força maior, e por obedecermos de coração a ELE sabemos que o nosso fim será glorioso; não pelas simples consequências de nossas práticas, mas pela resposta de Deus a elas. Somente a graça de Deus, revelada em Jesus Cristo, proporciona a salvação tão almejada!

Quando os meios condizentes à palavra de Deus são preservados, o nosso fim – a salvação – é garantido por ELE. Portanto, a nossa conduta diária nunca deve mudar em essência! A inconstância quanto à obediência a Deus põe em detrimento o fim desejado, além de não ser justificada nem pelo fim e nem pelo desejo. Deus não é relativo, e nada justifica a desobediência à Sua Palavra.

Entretanto, é comum encontrarmos pessoas maquiavélicas na igreja. Crentes em Maquiavel. Os meios, em essência, utilizados por estes é a desobediência a Deus, e o fim desejado é a inadiável aquisição de honra e autoafirmação. A ignorância e o amor à ilusão os fazem permanecerem crentes fiéis ao seu senhor: Maquiavel.

Eles, para se considerarem ungidos de Deus e também serem considerados por todos em volta, relatam com veemência as suas obras e responsabilidades honrosas entre o povo de Deus. Supervalorizam suas conquistas e conceituam a fidelidade à palavra de Deus como devendo ser relativa e, às vezes, dispensável.

Na verdade, os seus discursos se sintetizam em dizer a Deus: “Está vendo como eu não te obedeço, e mesmo assim as coisas dão certo?”. Tentam justificar-se exibindo uma situação pacífica ou o crescimento da igreja.

No entanto, esquecem-se de que não é mediante eles que a Igreja nasceu, cresce e permanece. Desprezam as misericórdias de Deus em suas vidas e subestimam os crentes fiéis a Cristo. Por acreditarem extremamente em seus métodos, duvidam do poder de Deus e prejudicam a Sua obra.

De fato, as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Os maquiavélicos, por confrontarem a Deus, serão julgados. Deus não se deixa escarnecer (Gl 6.7). Mas aos tais, Hoje (Hb 3.13) há ocasião para perdão e restauração.

Qualquer estado, por mais agradável que seja, não pode ser motivo para permanecermos em desobediência. O sacrifício tolo em sustentar um erro não protege a obra de Deus; a obra é protegida e sustentada por ELE para dar ocasião aos homens de se arrependerem de seus erros. O arrependimento e a confissão não nos desqualificam perante Deus; o que nos desqualificam são os pecados.

Sejamos coerentes à palavra de Deus, e não à nossa história de vida. A incoerência, em si, não caracteriza o que é certo ou errado. Os nossos prováveis erros no futuro não diminuem o mérito dos acertos de agora. E os nossos prováveis acertos no futuro não diminuem a gravidade dos erros de agora. Há momentos que a incoerência é bem-vinda. Quando estivermos em erro é necessário que mudemos de atitude, não valorizando a nossa imagem de homem coerente; mas deixando de lado o nosso passado comecemos a ser fiéis ao Senhor.

Sejamos integralmente fiéis a Deus, quer seja na bonança quer seja na aflição. Sejamos crentes na vontade de Deus em reparar os danos causados, na realização da obra confiada a nós, pela nossa dependência momentânea da desobediência. E principalmente, sejamos crentes no poder de Deus em reparar os danos causados em nós mesmos.

W.S. Rezende

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